Poesias

Sou o reverso do reverso, do reverso,que perdeu a raiz, só ficou o verso.









Envelhecer 

Oh! Amiga que há tempos não vejo.
Queria eu tê-la comigo ante ao magnífico pôr do sol.
Observando, o princípio e o fim de um alegre cortejo.

A história humana tantas vezes repetida,
Agora, lida em seus últimos versos.
Hoje, cinzentas lembranças, o que antes eram risos e beijos.

Voam em nevoas, imagens de um passado.
Voam antologias da alma.
Razão de uma vida que de profunda persiste.

Partem gritos de amor e ciúmes,
Partem risos, e do gozo o perfume.

Voltam frias lembranças, vultos, passos lentos.
Da tépida vida, o cume.
Oh! Felicidade, de ti quanta saudade!
Enfim, a calmaria!
O cair do sol na distância de um longo e belo dia.

Dony _ Fsa, 08/12/17

Mulher

Voz doce em
Lábios carnudos,
Pele suave
Sob um véu de desejos,
Olhos que brilham
Quando encontram o amor.
Pernas que buscam o prazer,
Braços que acolhem
O sorriso,
Pés que desfilam a beleza.
Ventre que oferece a vida,
Seios que alimentam e encantam,
Silhueta que fascina
Alma que domina



PAIXÃO

Pairo na riqueza das cores,
na grandeza da alma,
na beleza dos amores.
Pairo apaixonado pela flor
que encontrei no jardim.
Pairo no sabor da maçã,
no perfume do jasmim.
Pairo desnorteado pelas confidências da paixão,
pelo amor que se inicia,
pelas formas do verão.
Pairo contente, derramando alegria,
a cada começo de noite,
a cada final de dia.
Tem tempero de adolescência,
tem gosto de fantasia.
Pairo dando as mãos ao abstrato,
me jogando no abismo,
me deliciando na vertigem,
me perdendo no compasso,
me excedendo aos limites
e me acabando em um abraço.




ALÉM DA ALMA

Brinque com os meus olhos.
Enfeite-se
para vê-los brilhar.
Sorria, cante e liberte-se
para vê-los brilhar.
Diga que me ama
para vê-los brilhar.
Prometa-me a eternidade
para vê-los brilhar.
Dispa-se
para vê-los brilhar.






VIVER

Estive dentro de muitos olhares.
Visitei muitas almas.
Aportei em alguns corações.
Alimentei o pensamento de muitas mentes.
Estive em muitos mundos.
Respirei o ar da liberdade.
Eu vivi a doce ilusão humana.






ORIENTE MÉDIO

O pássaro voa,
ninguém pode mudar seu curso.
Não ouço seu canto,
nem espero de si algum encanto.
Ele vem em minha direção.
Reúno forças, busco coragem,
perco o chão!
Na viagem deliberada de seu voo,
a última decisão...
Desnudo de cívica,
de amor e compaixão,
cai sobre terra a palavra e a honra
em uma grande explosão.
Resmungando de dor, peço paz, amor e perdão.







À TOLOUSE LAUTREC


Toulouse-Lautrec foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês, conhecido por pintar a vida boêmia de Paris do final do século XIX.

Se pudesse, eu seria o meu pai, o meu irmão, o amigo, uma geração inteira sob a mesma genética. Com a mesma ideologia, os mesmos sonhos, mesmos hábitos e gosto. Eu, então, não existiria, nem eles. Seríamos uma multiplicidade, ou a pluralidade do eu.
Eu queria que todos vissem como vejo, que pensassem como penso e que vivessem como vivo. Sempre entre um conhaque e outro uma vida diferente, um mundo mais colorido, mais louco, mais sutil e mais belo. Sim! Eu queria em todos, os prazeres que há em mim. Queria que sentissem os súbitos arrepios que me tomam quando um tema me inspira. Eu me aproximo de uma tela em branco como quem se aproxima de uma amante, e sinto nessa tela o seu hálito, a respiração densa, o suspiro profundo, a necessidade urgente de fazer amor. E a amo, e a sugo no furor de minha imaginação. Depois do encontro dos desejos, e realizadas as vontades eu a deixo viva e grávida de todas as cores e todos os sentidos.
Assim faço o caráter da minha pintura, apreciando as formas, captando as propriedades da alma e dedicando minha vida ao amor.


Doni, 01/08/2013


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AO SILÊNCIO

Meu templo o meu silêncio. Minha obra o meu santuário. Minhas cores as disponíveis. Meu Deus o Verdadeiro.
Meu nariz o meu guia, medo da água fria, amor, a’maria! Dormir de noite ou de dia.
Poesia sem sentido, caminho sem rumo, mulher sem dono, eu e o mundo.
Amigo o distante, conselho o errante, povo o perdido, livro o ainda não lido.
Mãe a que foi, pai o que será, filhos, melhor não tê-los, família, a que me espera em algum lugar.

Doni, Formosa, 14/05/1995


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Almas gêmeas

Quando duas almas se tocam e se completam,
Seus olhos brilham na mesma direção.

Os risos revelam a graça
Frutos da mútua compreensão.

E nada há que justificar,
O abraço dispensa o perdão.

Caminham juntos pela trilha do silêncio,
Ouvindo um do outro as batidas do coração.

Quando se olham em calmaria,
O silêncio entoa a mais bela melodia.

Compreendem-se tanto no desabrochar das flores,
Quanto no cintilar das estrelas, eternos João e Maria.

Perdoam-se quando o mal lhes exteriorizam seus pecados.
Pela luz do amor estão sempre iluminados.

Quando duas almas se tocam,
Deus as completam com a harmonia da criação.

Doni, Fsa 01/05/2015

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ERA LUZ


Era um dia frio, eu estava só.

Toc toc toc, bateram na porta.

Despretensiosamente deixei entrar.

Silenciosamente ela foi entrando uma luz crescente, um perfume cedente e uma paixão ardente.

Com a leveza de quem quer para sempre, foi me desvendando, me submetendo, me moldando, me iluminando.

Fui deixando subentendido, amizade confidente, necessidade urgente, Ódio no repente!

Uma coisa estava sempre presente, o amor ardente!

Quando dei por mim; a vida passara e frutos colhi.

Seu silêncio virou música, viraram risadas, gritos, alegrias, uma festa!

Para esta festa dei o nome de: Eric Selton e Anna Júlia. Eles são âncora para o meu julgamento.

Silenciosamente ela entrou, fechou a porta do meu coração e dentro dele criou um mundo.

 Cléia!



Doni. 2013




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HOMEM

Dai-me carinho mulher, pois mais triste não há, que viver só e angustiado na madrugada.
Ama-me, pois sou carente e frágil. Seque minhas lágrimas que se fazem por sentimentos profundos.
Seduza-me com seu sorriso, envolva-me com seu perfume e mostra-me seu mundo encantado.
Faça de mim seu amante e prenda-me na delícia de seus mistérios.
Serei sensível se me deres carinho, e submisso se me deres amor.
Não desfaça o encanto que há em ti, nem rasgue o véu de sua magia ao saber que és a dona do meu destino.
Não me faça chorar por ressentimentos, deixe-me respirar o seu hálito de liberdade e infinito morrer de amor no seu ventre sagrado.
Mulher, seja raio límpido de sol bronzeando minha alma clara, proteja-me do perigo formal de ser homem. Nutra-me de seu orgasmo, encha-me de seu sexo e deixe-me adormecido em seus braços até acordar o sorriso que habita a madrugada inconsciente.
Mulher eu te amo!

Doni Rio 02/10/82   






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O MAR


O mar é como o ciúme da minha mãe, quando investe contra o meu pai, odiando-o, e o amando.
O mar é a beleza virgem das cores que nenhum pescador ou navegante consegue definir.
O mar é o monstro que apedrejo por ter engolido meu irmão.
O mar é o nobre espaço do veleiro, que leva sua aventura a um mundo desconhecido.
O mar são os olhos da criança que chora. É a arena do surfista, o leito do vil submarino nuclear. O mar é verde ao amanhecer, azul ao entardecer e negro ao anoitecer.
O mar é lindo! 

Doni, fsa 08/05/2015




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A desconhecida

Quem é você?
Que embarcou na minha viagem
E viu nos meus olhos um mundo fantástico?

Quem é você?
Que nessa viagem
Falou-me da vida, me contou dos sonhos,
E cantou pra mim.

Quem é você?
Que viu comigo a luz do sol e o brilho da lua.
Que dormiu ao meu lado, enquanto eu, desperto 
Pras ilusões lhe admirava.

Quem é você que no fim da linha sorriu pra mim,
E se foi como quem chegava.
Quem é você? 

Doni, Rio X Bsb.   
  

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Remendados Lares

Dos lares do Brasil, dos lares pequenos e simples, das mansões e
Palacetes, saem gemidos longos e remendados num sentido.
Vazios estão os lares, remendados, magoados e feridos. Pergunta-se pela vida; e para esta, não há sentido?
Um grito ecoa nas paredes, paredes vazias de esperança e arte, a violência improcedente está por toda parte.
Tudo está escasso; o tom, o traço e o abraço. Não sobra sequer bagaço! Ao palácio se pergunta; de quem é a obra?
E a musa, não há? Procura-se uma musa, mas, sem pressa. Acusa-se aqui e acolá, uma e outra, o dia inteiro.
 É pouca a resistência, alguém até pediu, paciência! E o lamento continua.
 O banjo, o gemido e a vida continuam. Sem fartura, sem fortuna, continuam. Mas dizem os homens, eu aguento! 

Donizete: 16/06/87, Rio de Janeiro_ Brasil.







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Meu pai

Homem forte em seus ideais, cabeça erguida em seus passos. Trechos de liberdade em sua fala, amor com gosto em suas obras.
O mundo não lhe afronta, o trabalho não lhe cansa e a família não lhe pesa.
Seus sonhos se realizam, sua fé se confirma, e seu destino prossegue.
É uma pessoa simples, e se mostra ao homem como mostra-se a Deus.
Voz mansa de um sábio, olhos intensos de quem busca. Face melancólica de um retirante, trajes negros de um soldado.
Seu horizonte é azul com espaço infinito. Seu destino, ser um homem entre outros. Seu tempo é a vida, ainda fascínio de descoberta.
Sua mãe, seu lar, sua pátria, a sua mente.
Quando fatigado murmura recolhido em si, e ao se reerguer levanta todas as pedras tumulares sem gestos de dor.

João Donizete, 16/05/2013, Formosa GO.





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Perfume Racional

Pergunto ao vento que em meu ouvido murmura e afaga o meu tormento.
De onde vens e trazes esse perfume que bem conheço e que me lembra de um amor a que paguei o preço.
O vento sábio me dá uma resposta. Jogando ao chão uma folha morta.
Lembrando-me que fora estéril a nossa união. Que as flores bem tiveram perfume, mas as sementes mirraram no chão.

Doni, 20/12/1997  










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CAVALHEIRO SUICIDA

Sou cavalheiro suicida na noite iluminada do Rio.
Sou viajante estelar, trago comigo muitas lembranças das coisas que me fizeram chorar.
No brilho da noite eu vejo nas ruas, loirassas perfeitas, morenas, mulatas, mulheres sem almas, homens que matam.
A guerrilha urbana parece normal, pra quem vive no caos sem razão social.
Uma bala perdida, um corpo caído, na alça de mira, um choro doído.
Há uma cidade que vive, há uma cidade que dorme, há uma cidade que sonha, há uma cidade que sofre.
A novela das oito ensina a trama, a porta de saída pra uma vida de dramas.
Sou cavalheiro suicida, sou viajante estelar, em uma cidade perdida, sob o sol e o luar.

 Doni, Rio de Janeiro 1995.



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O SONHO

Na noite em que fui te ver, você estava em um planeta distante. Onde tudo era feio, onde tudo era belo, onde tudo era sonho.
Uma visão pitoresca de Picasso.
Demoiselles dês bords de La seine.
Foi aí que te vi, com aquela cara triste de ressaca, como quem bebeu num night club, como quem bebeu num night club.
Demoiseles dês bords de La seine.
Você estava no planeta dos sonhos.
Você dizia... Não tenho medo do escuro, não tenho medo do escuro, porque o escuro também é claro para quem deseja assumir.
Você estava no planeta errado.
Você errou de planeta!
Você errou de planeta!
Você errou de planeta!
Você chorava, e não pense você que foi fácil pra mim.
Ai veio a mão... Ai veio a mão que te levou e me levou pra longe.


Doni, Formosa, 2014   

  
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Noite de Natal

Primeiro vieram os velhos, depois os moços, por fim eu e ela. Na mesa repleta, a ceia de natal. Nas paredes as telas da bela arte anfitriã. Nas mãos as taças erguem-se brindando o reencontro. Lá fora o estampido de fogos de artifício. Na boca o gosto do beijo e das castanhas.
O natal se repete em sons e imagens de tempos distantes. Ouço frases de minhas avós na voz de um jovem e todos o aplaudem sorrindo.
Ela se aproxima trazendo-me um beijo, um cacho de uva, uma taça de vinho e um coração cheio de amor. Recostamos ao sofá para ouvir o anfitrião ao piano.
Primeiro, um breve aquecimento com Chopin, Strauss e depois, discorre-se um invejável Beethoven. Ouve-se permeando um breve silêncio, uma nota que nos toca o coração e nos leva a refletir.
Alguém diz; feliz natal! E levanta um brinde ao menino Jesus.

João Donizete, 16/06/1987, Rio de Janeiro



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CAMINHOS


Ah!... Caminhos, caminhos, caminhos, são tantos os caminhos.
Desde o princípio eles existiram, sempre me levando e me trazendo.
Precipícios, penhascos, planícies...
São caminhos infinitos. Caminhos de luzes e trevas. Caminhos sobre as nuvens e profundos entre as terras. Caminhos que se cruzam, que se interrompem e se estagnam.
Caminhos que formam o labirinto. Caminhos que levam ao infinito e me trazem a mim.
 Caminhos de um dono só. Que leva a uma verdade apenas.
Morrer... Morrer... Morrer...


Doni, Rio de Janeiro.




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O beijo cristão

Lembro-me quando te beijei pela primeira vez.
Foi quando tocastes meu coração, e me curvei diante de ti, em Nazaré?
Também, quando me salgaram os lábios?
Eu cresci acreditando em milagres!
Sorri diante de um templo que tinha suas portas abertas para o espírito livre.
Por uma vida, busquei te encontrar.
Por caminhos sinuosos segui confiante.
 Guiado por tuas palavras, encontrei no amor e no perdão o equilíbrio para minha mente e a harmonia para o meu coração.
Dividimo-nos entre filosofias e nos encontramos no mesmo ideal.
 Na verdade habitamos ambos, o mesmo lar. Nossos olhares atravessam simetricamente juntos as trevas espessas e se fundem na luz suprema.


Doni, fsa, 05/05/2015

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